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SETEMBRO AMARELO

Rodas de conversa emocionaram a comunidade acadêmica com momentos de compartilhamento e acolhimento

Publicado: Quinta, 26 de Setembro de 2019, 14h53 | Última atualização em Quinta, 13 de Fevereiro de 2020, 15h11

Eventos promovidos pela CAE juntamente com a GEPEX ocorreram na última terça e quarta-feira

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Na última terça e quarta-feira, dias 24 e 25, a emoção e a empatia tomaram conta das rodas de conversa que aconteceram no IFG Câmpus Goiânia Oeste e que abordaram temáticas voltadas a campanha Setembro Amarelo, que trata da prevenção ao suicídio. Na terça-feira, dia 24, o psicólogo do Instituto Olhos da Alma Sã, Cairo Divino Cândido Filho, dialogou abertamente sobre depressão e suicídio com os alunos do período noturno. Na quarta-feira, dia 25, a musicoterapeuta, Sheila Alves da Cunha, conversou com os discentes do período integral sobre angústias, ansiedade, álcool, drogas e depressão.

A Coordenação de Assistência Estudantil (CAE) juntamente com a Gerência de Pesquisa, Pós Graduação e Extensão (GEPEX) do IFG Câmpus Goiânia Oeste promoveu as rodas de conversa. De acordo com a psicóloga da CAE, Aline Seixas Ferro, "o evento foi organizado com o objetivo de criar espaços de fala e escuta dentro do ambiente acadêmico para que possamos trabalhar a questão da saúde mental, para que nossos alunos estejam bem e assim consigam dar conta do cotidiano, da vida deles, e também para mostrar a importância do cuidado de si, do outro, da criação de vínculos e das relações pessoais”.

REDE DE APOIO

Para a assistente Social da CAE, Clarice Gomes das Neves, além dos espaços de fala, as rodas de conversa ampliaram também o espaço de informação e conhecimento e permitiram que os alunos conhecessem os locais de ajuda e atendimento que eles possuem no âmbito interno e no âmbito externo ao câmpus: “Pra quem passa por esse processo de sofrimento é importante falar e trazer esse sofrimento pra buscar ajuda, porque se a pessoa não fala, a gente não consegue entender o que está passando. Já aconteceu de aluno chegar na CAE e dizer que tem resistência para falar por acreditar que não tinha esse espaço, essa abertura para nos procurar e conversar. E atividades como essas que foram propostas dão abertura, espaço de fala, mostram os locais que eles podem procurar atendimento interno e externo. As pessoas que estão em processo de sofrimento precisam desse mínimo de orientação para buscar encaminhamento, saber que existe ajuda e que está à disposição delas. A gente tenta acompanhar, mas o acompanhamento caso a caso ainda tem um alcance limitado no câmpus pela quantidade de profissionais. Quando abrimos o diálogo dessas temáticas no coletivo, temos um alcance maior, temos uma cobertura maior de atendimento e amplia o espaço de informação".

"O processo de sofrimento acarreta uma série de consequências para a pessoa, para o estudante, por isso é necessário uma rede de apoio. A nossa intenção com essas rodas de conversa foi trazer essa rede de apoio, apresentar esses profissionais, dar esse espaço e oportunidade para quem está precisando. São duas instituições que os profissionais podem dar essa ajuda e que ofertam serviço gratuito. O Instituto Olhos da Alma Sã tem atendimentos psicológicos com taxas acessíveis, mas para as pessoas com situação de vulnerabilidade eles ofertam o serviço gratuito. A gestora do CAPS-AD (Centro de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas) que trouxemos atende o público específico de adolescentes. O que tem acontecido em muitas escolas e comunidades é a falta da busca da ajuda dessa rede de apoio. O nosso objetivo foi mostrar para eles que existe essa rede, tanto interna aqui no câmpus com a CAE e a CAPD, como externa com as clínicas sociais, as CAPS. O pessoal da CVV não pode vim, mas colocamos também nos murais os contatos deles que também são referência para esse tipo de atendimento a comunidade”, explicou a assistente Social, Clarice Gomes das Neves.

ESPAÇOS DE FALA E ACOLHIMENTO

“Eu acho muito importante esses eventos, porque muitas pessoas ficam no canto delas, não se abrem, como o exemplo da aluna que falou do caso de suicídio na família dela, que pra ela esse familiar não parecia estar doente. Problema todos têm, às vezes a pessoa acha que todo mundo tem problema e não quer falar dos problemas dela porque parecem ser tão pequenos perto do problema do outro. Em uma conversa como essa, as pessoas percebem como é importante falar. Às vezes a pessoa não sabe que está em depressão, aí ouvindo uma palestra como essa ela percebe que precisa de ajuda, reconhece o problema dela ou de alguém da família”, comentou Elvira Izabel da Silva Santos, aluna do segundo período do curso Técnico em Enfermagem modalidade EJA IFG Câmpus Goiânia Oeste. “Têm pessoas que estão passando por processo de sofrimento que o simples fato de terem tido abertura para falar nas rodas de conversa já foi um alívio para elas”, contou a assistente Social da CAE, Clarice Gomes das Neves.

Além de abrir os espaços de escuta e fala no câmpus, as rodas de conversa também proporcionaram momentos de empatia e acolhimento entre os alunos. “Eu adorei a atividade, me tocou muito. Às vezes a gente não tem coragem de falar esses assuntos no nosso ciclo familiar e em momentos como esse a gente consegue se abrir e se identificar com o problema dos outros, como eu me identifiquei com a outra aluna que compartilhou o caso de depressão na família, tanto que minha reação foi de ir lá e dar um abraço nela, porque eu acho que isso ajuda. O que o outro colega falou dos casos de suicídio recorrentes na família, eu também me identifiquei e é algo que hoje me preocupa muito. Foi muito bom esse momento, o palestrante falou muito bem, foi muito claro, ajudou muito”, afirmou Lilia Xavier Nascente, aluna do terceiro período do curso superior de Licenciatura em Pedagogia do IFG Câmpus Goiânia Oeste.

“É muito importante ter momentos assim, porque traz essa realidade mais próxima, traz o profissional da psicologia mais próximo da sociedade. As pessoas pensam que o psicólogo só fica preso a clínica, que não pode ter momentos de interação, momentos de tiradas de dúvidas, porque existem muitas dúvidas, muitos tabus sobre esses temas. As pessoas precisam começar a entender que existem possibilidades, que a psicologia é acessível, que é pra todos. Momentos de conversa como esse são importante até pra nós, porque às vezes a gente fica preso no consultório, preso na academia e tem certas coisas que não chegam até nós, em momentos de trocas assim a gente consegue perceber o sofrimento do outro de forma mais palpável, como as famílias têm sofrido com tais assuntos e que por não serem discutidos de forma mais ampla e mais social, isso se transforma em algo elitista”, explicou o palestrante e psicólogo Cairo Divino Cândido Filho. Cairo é formado em Psicologia pela Universidade Salgado de Oliveira e pós-graduado em Psicologia Analítica pela UNIPAZ/PUC, possui atuação em psicologia clínica pelo Instituto Olhos da Alma Sã, local em que oferece atendimento psicológico acessível à comunidade, e é atuante na campanha Pela Vida, organizada também, pelo Instituto Olhos da Alma Sã, a qual trabalha a prevenção ao suicídio. 

TRISTEZA, ANSIEDADE, ANGÚSTIA, DEPRESSÃO E SUICÍDIO

Cairo explicou aos alunos a diferença entre a tristeza e a depressão: “O processo de tristeza é diferente do processo depressivo. O processo de tristeza é passageiro e está relacionado a circunstâncias vividas. A depressão é uma tristeza profunda que muitas vezes a gente não tem ideia de onde ela surge, não existe explicação, é claro que muitas causas podem influenciar esse processo, uma mudança, a perda de um familiar, de um emprego, não saber necessariamente o que vai fazer da vida, o que é natural. O jovem quer conquistar coisas, está na fase de ter, e por ficar muito preso a esse conquistar, a esse ter, quando ele é frustrado nesse processo, a depressão pode vim. Porque nós vivemos em uma sociedade que não está preocupada em trabalhar a saúde mental, se um amigo quebra a perna, faz uma cirurgia, nos vamos visitar, mas se o amigo está internado em um hospital psiquiátrico, poucas pessoas aparecem pra visitar, é algo raro. As pessoas pensam que quem tem problema de saúde mental precisa estar isolado, e a pessoa fica cada vez mais isolada e quanto maior o isolamento, mais difícil é o tratamento”.

De acordo com a musicoterapeuta, Sheila Alves da Cunha, além da ansiedade pela conquista das coisas, fatores biológicos contribuem para que a depressão e o suicídio sejam mais recorrentes na adolescência: “Existem fatores biológicos da adolescência, hormonais inclusive, que favorecem que o adolescente sinta uma dor com mais intensidade do que um adulto sentiria. A falta de maturidade para enfrentar alguma dificuldade, traz esse sofrimento maior também. O jeito de enxergar a vida na adolescência é diferente do jeito de enxergar na fase adulta, por isso a adolescência exige mais cuidado dos adultos que estão por perto, eles precisam deixar um ouvido atento para o sofrimento deles. Os adolescentes falam de outras maneiras, eles não falam só com palavras, eles falam com atitudes e a gente precisa ser um pouco mais atento para escutar o que eles estão dizendo por meio dessas outras formas”. Sheila é musicoterapeuta da Prefeitura de Goiânia, lotada na Secretaria Municipal de Saúde, na Unidade de Saúde Mental do CAPS Girassol, e é especialista em saúde pública e no tratamento de crianças e adolescentes usuários de drogas.

“O primeiro passo do tratamento é reconhecer e pedir ajuda. Às vezes a pessoa está gritando socorro e a gente tem que tomar cuidado em saber fazer essa leitura que o outro está precisando de ajuda. O outro também precisa reconhecer que precisa, porque se ele não reconhece que precisa de ajuda, a gente começa a dar murro em ponta de faca e não consegue levar a pessoa onde ela precisa chegar”, afirmou Cairo. Para Cairo Filho, a rede de apoio tem que estar disponível não apenas para as pessoas que estão com depressão, mas também para os familiares ao seu redor: “A gente fica muito preso achando que quem precisa de tratamento é só quem está em sofrimento, mas quando um filho está em sofrimento, a mãe sofre, o pai sofre, os tios sofrem, existem um ciclo social que está doente, então todo esse ciclo precisa de amparo. A gente precisa criar uma rede de apoio, e a rede de apoio é pai, mãe, tios, avôs, o profissional da psicologia, o psiquiatra caso necessário, para que toda essa rede trabalhe em um mesmo direcionamento, porque quando todos nós trabalhamos em um mesmo direcionamento a gente consegue resultados muito mais satisfatórios, porque senão a gente fica preso em um só indivíduo sendo que na verdade todo o sistema está adoecido”.

“O Setembro Amarelo traz pra gente uma lembrança de que é necessário se escutar, é necessário melhorar as nossas relações humanas, tem muita gente sofrendo por vários motivos e algumas delas têm atentado contra a própria vida. Esse sofrimento é um sofrimento humano, existem casos que são relacionados a alguns transtornos psiquiátricos, mas, atualmente vários casos de tentativa de suicídio e autoextermínio não têm relação com transtornos mentais diretamente. As angústias do dia a dia têm trazido para as pessoas essa atitude desesperada de tirar a própria vida. O nosso desejo com essa conversa foi lembrar aos alunos de se cuidarem um pouco, porque eles se cuidando poderão oferecer apoio e suporte para quem está ao lado também” disse a musicoterapeuta, Sheila Alves da Cunha.

 

Veja mais fotos das rodas de conversa do Setembro Amarelo em nossa fanpage.

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Coordenação de Comunicação Social/IFG Câmpus Goiânia Oeste

 

 

 

 

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