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Estudo aponta proximidades e disparidades entre os Caminhos da Fé e de Cora Coralina em relação ao Caminho de Santiago de Compostela

Publicado: Terça, 10 de Outubro de 2023, 18h56 | Última atualização em Quarta, 11 de Outubro de 2023, 18h03

Artigo, elaborado pela docente Lisandra Passos, da área de Turismo e Hospitalidade do IFG - Câmpus Goiânia, foi publicado em livro editado pela Universidade de Santiago de Compostela-ES

imagem sem descrição.

Semelhanças e diferenças dos trajetos brasileiros de peregrinação Caminho da Fé (São Paulo) e Caminho de Cora Coralina (Goiás) em relação ao Caminho de Santiago de Compostela (Espanha) foram destaque no estudo realizado pela professora da área de Turismo e Hospitalidade do Câmpus Goiânia do Instituto Federal de Goiás (IFG), Lisandra Passos. Conforme apontado pela pesquisa, os trajetos turísticos nacionais foram inspirados na peregrinação que leva à Galícia, noroeste da Espanha, onde se encontra a Catedral de Santiago. A pesquisa está disponível na edição de 2023 da publicação realizada pelo departamento de Geografia da Universidade de Santiago de Compostela (ES), intitulado Geography of World Pilgrimages: social, cultural and territorial perspectives.

O assunto é contemplado no capítulo (Re)invenção do Caminho de Santiago entre a religião e a poesia: Caminho da Fé e Caminho de Cora Coralina no Brasil, que foi escrito pela professora do Câmpus Goiânia do IFG, Lisandra Passos, em coautoria com sua orientadora de doutorado e docente dos cursos de Mestrado e Doutorado em Hospitalidade e Graduação em Turismo na Universidade Anhembi Morumbi, em São Paulo, Mirian Rejowski. Nele, a docente conclui que as trilhas brasileiras inspiradas nos trajetos que levam a Santiago de Compostela foram constituídas em períodos e condições diferentes, mas promovem aos caminhantes e ciclistas que se aventuram por elas encontros com a história, cultura e a natureza, além de conhecimentos, experiências e reflexões. Vale lembrar que o Caminho de Santiago de Compostela é considerado a maior rota de peregrinação cristã do mundo, conhecida por deixar marcas intensas em quem completa seus 600 km de caminhada, com o objetivo de visitar a sepultura do apóstolo São Tiago Maior, em Santiago de Compostela, na Espanha. Tem como sua rota mais tradicional a que parte de Saint Jean-Pied-de-Port, na França, e vai até a Catedral de Santiago (Galícia – Espanha).

 


Mapa do Caminho da Fé, conforme consta no artigo  (Re)invenção do Caminho de Santiago entre a religião e a poesia: Caminho da Fé e Caminho de Cora Coralina no Brasil

 

De acordo com a pesquisa, o Caminho da Fé, que leva peregrinos ao Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em Aparecida do Norte-SP, se originou de fluxos espontâneos de devotos católicos que caminhavam até uma igreja – que posteriormente veio a ser o santuário – movidos pela fé em Nossa Senhora Aparecida, padroeira do Brasil. Com isso, a religiosidade é uma das características que aproxima os Caminhos da Fé ao de Santiago.

 


Lisandra realizou o trajeto de Santiago durante sua passagem pela Espanha

 

Já o Caminho de Cora Coralina é uma rota de ecoturismo oficializada em 2018 que tem como ponto de partida ou de chegada, a depender da escolha de quem se aventura por ela, o Museu Casa de Cora Coralina, na Cidade de Goiás-GO. O trajeto contempla trecho que liga as cidades históricas de Corumbá e Cidade de Goiás, passando, entre outras regiões, por Pirenópolis. O estudo cita que, em sua concepção, os idealizadores do Caminho de Cora Coralina definiram que este deveria passar por cidades ligadas ao ciclo minerador do século 18 e ser capaz de retratar a história dos núcleos urbanos arquitetônicos e a natureza dessa região do interior do Brasil. Com isso, a rota foi instituída a partir de um projeto político, de desenvolvimento econômico, sem qualquer vinculação religiosa e sem origem em movimentos espontâneos anteriores, aspecto presente tanto no Caminho de Santiago como no Caminho da Fé.

Especificamente no Caminho de Cora Coralina, o estudo detalha a aproximação com o Caminho de Santiago no que diz respeito a três etapas, conforme as características geográficas: fauna e flora; aclives e declives; e graus de dificuldade, que também são conhecidos como Etapa do Esforço Físico (entre Corumbá de Goiás e Pirenópolis, até o povoado de Caxambu); Etapa do Esforço Mental (do povoado de Caxambu, passando por São Francisco, Jaraguá e Itaguarí, indo até o povoado de Palestina); e Etapa Mágica (do povoado de São Benedito, permeando a antiga rota dos tropeiros, bandeirantes e naturalistas, além das ruínas do antigo Arraial de Ouro Fino).

 


Mapa do Caminho de Cora Coralina (IBGE), conforme consta no artigo  (Re)invenção do Caminho de Santiago entre a religião e a poesia: Caminho da Fé e Caminho de Cora Coralina no Brasil

 

De acordo com a docente, o estudo sobre o Caminho de Cora Coralina está diretamente ligado com a área de Turismo e Hospitalidade do Câmpus Goiânia do IFG. “Nesse estudo […], a hospitalidade está presente na relação entre hóspedes e anfitriãs dos pequenos povoados: Caxambu, Radiolândia, Alvelândia, Palestina, São Benedito e Calcilândia”, afirma. Lisandra avalia ainda a importância de falar sobre esse trajeto goiano em uma publicação como essa da Universidade de Santiago de Compostela. “Realizar uma publicação, que dê visibilidade internacional para o Caminho de Cora é expandir sua existência para um contexto mundial, onde o Caminho de Cora, no Estado de Goiás é a única publicação da América Latina”.

A pesquisa constatou ainda que, assim como na trilha europeia, os dois trajetos brasileiros contam com associações responsáveis pela administração de recursos, informações e estrutura, no sentido de preservar a tradição turística, cultural e religiosa dos percursos que contemplam. Além disso, outra semelhança está no sistema de sinalização que permeia os caminhos (placas) e a concessão de passaportes e certificados a quem se dispõe a realizá-los, seja a pé ou de bicicleta.

O estudo faz parte da tese de doutorado de Lisandra Passos, que foi realizado parte na Universidade Anhembi Morumbi e também da Universidade de Santiago de Compostela, na Espanha. A publicação na edição da Universidade de Santiago de Compostela ocorreu após convite feito à docente do Câmpus Goiânia do IFG. “ Participei do Programa General de Movilidad con países de fuera del EEES, convocatoria 2022 da Universidade de Santiago de Compostela. Passei um mês na Universidade participando de atividades e estudando no Departamento de Geografía e Historia da Faculdade de Geografía e Historia da USC (Universidade de Santiago de Compostela). Dei aula na graduação e no mestrado da Universidade e participei do grupo de estudos do departamento. No último dia, a professora Lucrezia Lopez nos fez o convite para escrever um capítulo sobre o Caminho de Cora Coralina e a peregrinação. Nós aceitamos o convite e escrevemos o artigo”, comenta.

Para conferir a publicação do artigo que compara os trechos brasileiros ao europeu, acesse o pdf do livro Geography of Worls Pilgrimages: social, cultural and territorial perspectives.

 


Prof. Lucrezia Lopez e Lisandra Passos na Universidade de Santiago 

 

Coordenação de Comunicação Social do Câmpus Goiânia.

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