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Cinema

Professor do IFG recebe prêmio da Associação Brasileira de Cinematografia (ABC)

Guile Martins participou da montagem de som do documentário "A queda do céu"

  • Publicado: Terça, 20 de Maio de 2025, 08h11
  • Última atualização em Terça, 20 de Maio de 2025, 09h06
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O professor do Bacharelado em Cinema e Audiovisual do IFG - câmpus Cidade de Goiás Guile Martins recebeu, no último sábado dia 17/05, o prêmio Associação Brasileira de Cinematografia (ABC) 2025 de melhor som de longa metragem documentário pelo filme "A queda do céu" dos diretores Eryk Rocha e Gabriela Carneiro, baseado no livro de mesmo nome escrito por Davi Kopenawa Yanomami em parceria com o antropólogo Bruce Albert. 

A premiação prestigia profissionais que mais se destacaram na cinematografia brasileira, além do prêmio de melhor som, o filme também ganhou nas categorias: melhor direção de fotografia e melhor montagem de documentário. Guile Martins foi responsável pelo desenho e edição de som do documentário, a equipe também foi composta por Marcos Lopes (som direto) e Toco Cerqueira (mixagem). o som do filme carrega uma atmosfera repleta de sons da floresta que sensibiliza os ouvidos do expectador para o chamado da Terra e uma possível "queda do céu" acaso não se mude o modo de vida de exploração em larga escala dos recursos naturais.

Guile explica que o filme foi muito bem recebido desde a sua estreia no Festival de Cannes do ano passado (2024), mas que para ele, a coisa mais importante foi o desafio de pensar o som a partir de uma nova forma de escuta. "A cosmoescuta do povo Yanomami para quem o som forma imagens e conecta mundos. Descolonizar o ouvido durante esse processo da edição e desenho de som do filme, foi essencial para colocar a linguagem audiovisual enquanto aliada do povo da floresta"

Ele explica que seu trabalho ocorreu a partir da escuta da paisagem sonora da aldeia, das vozes da floresta, das sessões de xamanismo, do som dos rituais. "Foi uma maneira de me transportar, através das ondas sonoras, a um lugar onde meu corpo físico nunca esteve. A escuta profunda desse material guiou o trabalho de pós-produção sonora, pois ali encontramos o que não cabe em palavras: a vibração de um povo que tem muito a nos ensinar". O trabalho para o filme foi tão intenso que Guile mudou os rumos de sua pesquisa de doutorado que passou a se intitular: “A subida do som: incorporando a escuta yanomami no filme A queda do céu”, em que ele procura documentar e refletir sobre o processo criativo de desenho de som do filme.

Guile com o Xamã e escritor Davi Kopenawa

Durante o trabalho, o professor se encontrou com o xamã e escritor do livro Davi Kopenawa para gravar algumas falas e sons da floresta e dos animais que ele reproduz. "Durante o encontro, pedimos para Davi reproduzir o som de wishia, o sopro vital da floresta, e ele prontamente começou a povoar o estúdio não somente com sons de respiração que nunca havíamos escutado antes, mas trouxe também vozes de animais, cigarras, vento, aves. Mais do que habilidosas imitações, Davi parecia estar dialogando com estes seres, falando seu idioma, trazendo-os para perto. Diversos trechos dessa gravação estão presentes no filme, e ainda os guardo como um amuleto em meu acervo sonoro", explica.

Para seu ofício de professor, Guile considera que o prêmio de  ‘Melhor Som Documentário’ pela ABC é o reconhecimento de que teoria e prática caminham melhor juntas. "Desde as minhas primeiras aulas no IFG tento sensibilizar os estudantes para a escuta, levando equipamentos técnicos e criativos para que possam expressar seus modos de ouvir e ver – ouver - , construindo narrativas que utilizem o potencial ainda desconhecido da linguagem audiovisual". 

Por enquanto o filme está sendo exibido em festivais, mas em breve deverá ser exibido nos cinemas. 

 

 

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