Candidatos apresentam visões diferentes da atual realidade institucional
No próximo dia 18 de junho, servidores e estudantes do IIFG irão eleger o futuro reitor e também os diretores-gerais dos 14 câmpus da Instituição
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Na disputa pela Reitoria, a atual reitora Oneida Cristina Barcelos Irigon é candidata à reeleição e o professor Sandro Ramos de Lima, diretor-geral do Câmpus Cidade de Goiás, é o candidato de oposição.
Em comum, os dois têm o fato de terem vindo de Itumbiara e serem professores com ampla experiência em gestão, além da declarada paixão pelo IFG.
As diferenças, no entanto, se agudizam no processo eleitoral, mesmo que não haja propostas diametralmente opostas nos planos de trabalhos que ambos apresentaram à comunidade acadêmica.
Oneida faz a defesa da sua gestão e apresenta o que considera avanços importantes, sem deixar de apontar que há muito a fazer. Sandro faz críticas contundentes e responsabiliza diretamente a reitora pelos problemas que enxerga.
Leia, abaixo, a entrevista que ambos concederam à Dicom. As perguntas foram respondidas por escrito e as respostas estão em ordem alfabética, primeiramente as da professora Oneida e, em seguida, as do professor Sandro.
O que motiva sua candidatura?
Professora Oneida
O que me motiva é o compromisso com uma educação pública que transforma vidas. Nos últimos anos, construímos coletivamente um IFG mais forte, inclusivo, democrático e socialmente referenciado, enfrentando desafios com coragem e responsabilidade. Mas ainda há muito a fazer. Precisamos avançar na valorização das carreiras, nas condições de trabalho e na formação dos estudantes em espaços mais dignos e acolhedores. O que me move é a certeza de que vale a pena lutar por uma gestão democrática, por orçamento justo e por um IFG cada vez mais comprometido com os territórios e os direitos sociais. Temos reconhecimento em transparência institucional, mas é preciso ir além, ampliando cada vez mais a clareza dos atos e decisões, fortalecendo a confiança da comunidade e garantindo que todos e todas se sintam parte ativa do que construímos e do que ainda podemos construir, juntos e juntas.
Professor Sandro
Tenho um compromisso histórico com o Instituto Federal de Goiás (IFG), que remonta ao meu tempo como aluno do curso técnico em Eletrotécnica e se fortaleceu ao longo da minha trajetória como professor e gestor da instituição. Acredito profundamente no projeto dos Institutos Federais, na educação profissional e tecnológica, e em toda a diversidade de cursos que compõem nossas matrizes curriculares. Tenho convicção na relevância do IFG para a transformação social e no papel estratégico que desempenhamos na formação de cidadãos críticos e qualificados. Acredito, igualmente, na minha capacidade de continuar contribuindo de forma significativa para o crescimento da instituição. Tenho plena consciência dos grandes desafios que o cargo representa, mas também me sinto preparado e motivado para exercer, com responsabilidade e compromisso, todas as atribuições que ele exige.
Qual é o papel central do reitor, na sua concepção?
Professora Oneida
O reitor deve liderar com escuta ativa, construindo decisões coletivas com base no compromisso com o bem comum. Cabe a essa liderança garantir o funcionamento ético, justo e democrático da instituição, enfrentando desigualdades, valorizando as carreiras, assegurando condições de trabalho e defendendo o direito dos estudantes à formação integral e de qualidade. É também papel do reitor articular recursos com critérios técnicos e transparência, incluindo também emendas parlamentares, além de manter diálogo com sindicatos, movimentos estudantis e forças sociais que defendem a educação como direito. Representando o projeto público de educação, deve assegurar que todos os processos institucionais sejam cada vez mais acessíveis, visíveis e compreendidos por toda a comunidade.
Professor Sandro
Além das atribuições de representação política, administrativa e jurídica, deve ser uma liderança. Compete a ele presidir as instâncias deliberativas, e é sua responsabilidade conduzir os processos de atualização política, tecnológica e de gestão, de modo democrático e participativo, promovendo o diálogo e assegurando que o instituto se mantenha alinhado com as demandas contemporâneas da sociedade. Além disso, exerce um papel fundamental na mediação de conflito. Cabe também ao reitor buscar, de forma proativa, recursos orçamentários e extraorçamentários que viabilizem a execução do Plano de Desenvolvimento Institucional. Sobretudo, é necessário que o reitor tenha clareza de uma agenda política, fazendo com que sua atuação transcenda a mera burocracia, que tenha capacidade de coordenar, mobilizar, angariar apoios, promover diálogo, participação na construção coletiva e dessa agenda.
O que vai bem no IFG e deve continuar?
Professora Oneida
O IFG tem avançado em várias frentes que precisam ser fortalecidas. A política de assistência estudantil, a criação de espaços de escuta e participação, a ampliação dos auxílios, a integração entre ensino, pesquisa e extensão e a defesa da educação pública são conquistas concretas. Também temos lutado por orçamento, por meio do diálogo federativo e da busca qualificada por emendas parlamentares — sempre com transparência e foco na melhoria das condições de ensino, trabalho e permanência. Precisamos continuar fortalecendo esse caminho, ampliando o diálogo com as entidades sindicais e estudantis, valorizando os profissionais da educação e garantindo que nossos estudantes tenham acesso a uma formação digna, crítica e socialmente comprometida. E para isso, é essencial continuar a ampliar ainda mais os mecanismos de transparência, garantindo que cada conquista e decisão institucional esteja visível e compreensível a toda comunidade.
Professor Sandro
O que vai bem no IFG é a capacidade da comunidade resistir às ameaças externas e ausências e falta de rumo da atual gestão. Vai bem a capacidade de refletir sobre realidade, capacidade de imaginar, criar e projetar horizontes diferentes para a instituição e para a sociedade, bem como os avanços conquistados pelos trabalhadores da educação do IFG, que conquistas essas resultado de muita luta e mobilização.
O que não vai bem e precisa mudar?
Professora Oneida
Ainda enfrentamos muitos desafios. Há defasagem de orçamento, dificuldades estruturais em alguns câmpus, necessidade de ampliar o enfrentamento e o combate a todas as formas de assédio, e urgência em garantir ambientes de trabalho e aprendizagem mais dignos. A valorização das carreiras docentes e técnico-administrativas precisa avançar — não apenas por reconhecimento simbólico, mas com ações concretas. Além disso, não podemos seguir reféns de recursos extra-orçamentários para garantir o básico. Precisamos consolidar uma luta coletiva por orçamento justo, capaz de assegurar a autonomia e a qualidade que a nossa instituição merece. Essas mudanças devem ser feitas com planejamento, com escuta e com participação ativa da comunidade.
Professor Sandro
As comunidades acadêmicas do IFG sentem uma ausência injustificável da reitoria nos câmpus, nestes quase quatro anos que se passaram. Não houve diálogo direto entre a reitoria e a comunidade sobre as políticas institucionais. O diálogo, se podemos chamar assim, se restringiu a “Lives” burocráticas, visitas com conversas restritas e pontuais entre gestores. Tem havido, portanto, uma excessiva concentração política e decisória na pessoa da reitora, que interdita a participação da comunidade acadêmica nas decisões institucionais. Além disso, a ausência de um projeto político claro e coeso, que gera por si obstáculos gigantescos, acaba por desanimar e desmotivar o envolvimento dos servidores, segmentos e entidades estudantis e sindicais. Por fim, há uma sensação de grande frustração, pois passam-se anos e os debates e documentos importantes e estruturantes da instituição não são concluídos.
Como realizar as mudanças necessárias?
Professora Oneida
As mudanças que precisamos exigem coragem, compromisso coletivo e articulação institucional. Devem partir da escuta permanente, do planejamento responsável e de ações baseadas na realidade dos câmpus e das pessoas que constroem o IFG. É preciso manter diálogo firme com o governo federal, parlamentares e sociedade civil para garantir orçamento justo, ampliação de direitos e consolidação das políticas públicas. Seguiremos articulando emendas com critérios técnicos, valorizando servidores e fortalecendo sindicatos e movimentos estudantis como pilares da democracia. As transformações virão com o aprofundamento do que já realizamos e com o compromisso de construir uma instituição mais justa, humana e potente. E tudo isso deve continuar a caminhar junto à transparência, pois prestar contas também é educar e fortalecer a democracia.
Professor Sandro
As realizações esperadas passam, em primeiro lugar, como temos defendido em nossa campanha, pela participação da comunidade na definição de rumos, de projetos, propostas e prioridades, pela escuta e diálogo – o que não é possível de ser efetivado se o reitor/a se fecha em seu gabinete. Passam pela transparência com os recursos, pela necessidade de uma metodologia mais ampla e inclusiva de todos setores, de todos os campus. Nossa comunidade acadêmica é muito proativa e responsável, além disso, muito capacitada para colaborar e interagir com uma liderança presente e motivadora. Uma liderança disposta a propor, articular, organizar e mobilizar para o diálogo e construção coletiva, com sensibilidade, atenção e respeito ao dissenso, com proposições e encaminhamentos democráticos.
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