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II Jeifor

Palestrantes relatam trajetória inclusiva na música e no esporte

Publicado: Quinta, 21 de Outubro de 2021, 21h03 | Última atualização em Quinta, 11 de Novembro de 2021, 09h42

Três palestras da noite dessa quarta-feira, 20, levaram aos participantes experiências pessoais com a surdez

Participantes do ciclo de palestras Surdalidades e Atuação do TILS na Educação
Participantes do ciclo de palestras Surdalidades e Atuação do TILS na Educação

Muitos se perguntam: “Como um surdo consegue tocar um instrumento?”. Durante o ciclo de palestras “Surdalidades e Atuação do TILS na Educação”, realizado na noite de ontem, na I Jornada de Educação Inclusiva de Formosa (Jeifor), esse e outros questionamentos foram levantados sobre o desempenho das pessoas com deficiência. Os depoimentos de dois palestrantes, o músico Nildo Alves e a atleta Suzana Alves de Souza, comprovaram a capacidade daqueles que não têm voz e não ouvem, para se destacar na atividade escolhida.

Com a interpretação de Francisco Marcelo Bessa (IFG/Goiânia Oeste) e Lucas Nogueira Xavier (IFG/Câmpus Formosa) – este também palestrante da noite com o tema “Entre mundos: a atuação do TILS na Educação” –, a inclusão foi garantida. Ouvintes e surdos participaram e interagiram pelo chat.

 

Música

“Eu consigo sentir a música”. É o que declarou Waldenildo Alves da Silva, mais conhecido como Nildo Alves, ao relatar sua história musical na palestra “Musicalidade e Surdez: sinalizando experiências”. Nildo nasceu ouvinte, mas contraiu meningite aos oito meses de idade e ficou surdo com a doença.

Quando criança, era normal as pessoas ouvirem música na sua casa. O garoto, na época, ficou encantado com os movimentos de dança e as cantorias realizadas nas rodas de capoeira na rua e produziu, a partir de um coco, o seu próprio berimbau.

Aos 9 anos, um professor mostrou como ele poderia aprender música vendo o que cada desenho da pauta significava e ainda nesta idade tocou flauta para uma plateia. Por volta de 11 anos, Nildo aprendeu a tocar violão, mas só se tornou profissional após fazer o curso.

Durante o curso, Waldenildo ouviu a instrução do professor Alberto, que dizia “esquece o ouvinte para lá, a gente vai sentir a música”. E isso ele sabia como era, pois conseguia “perceber a vibração dos sons”. “Fiquei muito emocionado ao perceber que podia sentir”, declarou.  

O professor Alberto do curso de violão relacionou a letra à nota musical e o aprendiz passou a praticar com a letra da música, dedilhando. A partir daí, a carreira evoluiu. Tocando em banda e sozinho, passou a fazer shows para auditórios lotados e também atuou como compositor.

Regiane da Silva Costa, professora do Câmpus Formosa do IFG e uma das coordenadoras da II Jeifor, mostrou-se maravilhada com o relato: “Quando uma pessoa está estimulada pelo sonho de emocionar outras pessoas, não tem limites. Que bela história!”.

 

Esporte

“Minha trajetória no esporte enquanto mulher surda”, a segunda palestra da noite, foi apresentada por Suzana Alves de Souza, atleta da Seleção Brasileira de Futsal dos Surdos e estudante universitária do curso Libras – Português, na Universidade de Brasília (UnB). Surda profunda bilateral, praticou karatê, natação, handebol e futsal na escola.

“Sempre quis ganhar bola”, revelou Suzana ao contar que sua paixão pela bola se revelou ainda na infância. “No parque, onde fosse, eu sempre andava com a bola o tempo todo”, declarou, relatando que a família costumava presenteá-la com o brinquedo. Assistindo à palestra, a participante Cleiry pontuou no chat a importância do apoio da família: “Bom ouvir esse relato e perceber nele um forte apoio familiar (visível desde a bola nas primeiras fotos da infância)”.

Discorrendo sobre sua carreira vitoriosa, Suzana Alves citou os vários títulos conquistados ao longo dos anos, como o primeiro lugar e a artilharia do Campeonato Brasiliense de Futsal dos Surdos e o segundo lugar do Campeonato Brasileiro de Futsal dos Surdos.

Em 2015 veio a pré-convocação para a Seleção Brasileira de Futsal de Surdas e surgiram as dificuldades para os treinos mensais e as viagens para os jogos. Várias atletas de todo o Brasil foram a Caxias do Sul, no Rio Grande do Sul, participar da pré-convocação. “Fui percebendo que dentro da seleção tinha várias dificuldades. A gente não tinha apoio público para poder participar”, explicou. Segundo ela, cada jogadora tinha que custear a própria hospedagem, alimentação, uniforme e passagens. Como estudavam e trabalhavam, as atletas não conseguiam se dedicar inteiramente ao esporte e criaram mecanismos, como rifas e vaquinhas, que permitiram sua participação.

Como não havia outros campeonatos de futsal, Suzana e o time arriscaram o futebol de campo, já que não existia time de surdas no Brasil na modalidade. Desta forma, participaram da Surdolimpiada, em 2017, na Turquia, e conquistaram o terceiro lugar. Do futebol de campo, Suzana passou para o handebol e conquistou o terceiro lugar no Mundial de Handebol para surdos, em 2018, em Caxias do Sul. Em 2019, na Suíça, ela retornou ao futsal no Mundial de Futsal, no primeiro lugar do pódio.

O dinamismo de Suzana Alves incluiu a participação do time de surdas no campeonato de futsal de ouvintes do Clube da Associação do Esporte e Lazer dos Subtenentes e Sargentos do Exército em Brasília (ASSEB) e sua inclusão em vários times de ouvintes.

A II Jeifor se encerra nesta noite, com o painel “Identidades, afetividade e inclusão”, que tem participação do dançarino Maycon Calasan na palestra “Minha dança tem história”, e da artista e educadora Lua Cavalcante, que aborda “O Corpo com Deficiência enquanto Terreiro de Saberes”.

 

Assista na íntegra o ciclo de palestras de ontem, “Surdalidades e Atuação do TILS na Educação”.

Acesse aqui o canal do Napne – IFG Formosa no YouTube.

 

Setor de Comunicação Social/Câmpus Formosa


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