Cursos da educação de jovens e adultos enfrentam desafios e dificuldades, mas demonstram superação e conquistas
Evento encerra hoje à tarde, com produção de um documento único
As mesas-redondas na manhã de hoje, 23, do Encontro Nacional da EJA na Rede Federal, que acontece no Instituto Federal de Goiás (IFG) - Câmpus Goiânia desde segunda-feira, 21, trataram da retomada, consolidação e permanência nos cursos EJA. Relatos de experiências de diferentes institutos mostraram como cada um conseguiu e está conseguindo superar os desafios, as dificuldades e os entraves na implantação e continuidade de cursos e turmas.
Professora do IFG - Câmpus Luziânia, Simone Paixão Araújo contextualizou o início do curso EJA no câmpus, que coincidiu com a implantação da unidade. O curso é o de Manutenção e Suporte em Informática, que enfrentou muitos problemas de implantação e permanência dos estudantes na primeira turma. “Coincidiu com a Copa de 2014 e da mesma forma que ficamos tristes com a derrota do Brasil, nós do câmpus também ficamos, quando vimos que de 30 alunos que entraram no curso, algumas disciplinas estavam sendo cursadas por apenas 1 aluno”, desabafa a professora.
“Indignados”, conta a professora, o colegiado de professores do câmpus tomou uma importante decisão, que foi a de não ofertar mais as próximas turmas, até que as condições fossem adequadas ao público do curso, as ementas e grades atendessem às necessidades dos estudantes e da Instituição. Foi então que eles reestruturam o curso numa lógica de projetos integradores, com projetos e disciplinas integradas e que conversassem com todas as áreas. “Fazíamos reuniões semanais com professores para estudo de como adequar o curso aos estudantes, colocando o que fosse realmente de interesse do aluno . A partir daí reconstruimos o curso”, conta.
Além de toda a questão dos conteúdos apontados por Simone, a professora Marizângela Aparecida de Bortolo, também do Câmpus Luziânia, disse que o colegiado questionou: “Será que os alunos da EJA podem fazer um curso de Informática, serão que conseguem?”. Mas o grupo percebeu, segundo a professora, que o problema era realmente do curso e não dos alunos, daí o estudo e análises que culminaram em uma nova implantação do curso em 2016. “Além de atender a demanda local, o câmpus também precisa honrar o compromisso com a Reitoria, que era a oferta do curso, inclusive com disponibilidade de código para contratação de pessoas para atuarem na EJA. Era muita pressão e queríamos ofertar o curso”, diz a professora.
Marizângela completou ainda contando que a decisão pelos projetos integradores funcionou muito bem e que os projetos que os estudantes fazem são expostos no final do ano, inclusive com visitação dos alunos do município. “Temos vários projetos dentro de uma mesma turma. Com a reestruturação do curso, hoje são 13 estudantes na turma, que inicia com 30, mas que já é considerado uma vitória”, contam as professoras Simone e Marizângela.
Protagonistas da EJA
A professora do Instituto Federal Baiano, Neyla Reis Silva, defende que “Não só os protagonistas dos sujeitos é que marcam os cursos da EJA, que são os alunos, mas também os professores e servidores que atuam diretamente. Essas pessoas fazem parte do coletivo da EJA, assumindo-a como projeto de vida, na definição dos projetos dos cursos, da organização, elaboração”, afirma a professora.
A segunda coisa fundamental quando se fala em educação de jovens e adultos, segundo Neyla, é que “não fazemos EJA para e sim com, não é para os estudantes e sim com estudantes. Isso é difícil porque você tem que sair da zona de conforto, da sua área de estudo intelectual e ir para a zona do estudante, sentar no chão com eles. Isso é um divisor. Já temos algumas experiências, mas ainda temos que avançar”, afirma a professora.
A professora comenta que mesmo a EJA estando na Rede Federal há 11 anos, ainda é muito pouco tempo. O que o Instituto Federal Baiano fez para tentar melhorar as condições para o curso da área ofertada, que é a de Cozinha, foi verticalizar o ensino, oferecendo, além do curso Técnico em Cozinha - EJA, também o curso superior em Gastronomia.
Entre os entraves para a implantação de novos cursos, a professora ressalta a questão da burocratização para atender a uma demanda nova. Pelo processo, comenta Neyla, às vezes demora até três anos para que um curso tenha início. “As demandas que surgem não podem esperar até 3 a 4 anos para começar’, conclui. A professora cita ainda outros desafios enfrentados pelos cursos da EJA no Instituto, que são a carga horária, falta de transporte para os estudantes, sendo que a maioria dos cursos é ofertada na zona rural, a entrada anual, a falta de orientação pedagógica.
Programação
No período da tarde, um documento final será fechado para ser levado à Secretaria de Educação Profissional Científica e Tecnológica do Ministério da Educação (MEC), com propostas, ações articuladas de todos os que estiveram presentes no evento. A discussão será às 14h30.
Veja as fotos no álbum do facebook do IFG - Abertura e Atividades de 22.05.
Diretoria de Comunicação Social/Coordenação de Comunicação Social/Câmpus Aparecida.
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